Origens
Vermoim é uma freguesia com património arqueológico que permite, com alguma certeza, apontar a sua existência como aglomerado populacional, já durante a Idade do Cobre (entre 3300 e 1200 a.C.).
Originalmente com o nome de “Vermudo”, Vermoim terá, como a origem do seu nome, o conde Forjaz Vermuiz, cavaleiro de origens galegas, filho de Bermudo I Forjaz de Tastâmara, conde galego que viveu no Condado Portucalense.
Forjaz, vitorioso no combate contra os árabes (no ano de 998), acabaria por situar-se no Castelo de Vermoim (Vermui ou Vermudi, advém do nome do conde que ficaria, para sempre, ligado a esta terra).
Aquando as invasões normandas, em 1016, Alvito Nunes, entretanto, o governante do Condado Portucalense, fez do Castelo de Vermoim, o seu refúgio, tentando, desse ponto, deter os ferozes Vikings, encabeçados por Gunderedo ou Gunrod, sem sucesso.
O Castelo de Vermoim, apesar da sua forte estrutura, e excelentes condições defensivas, não foi o suficiente para impedir os ataques normandos. No meio da imensa carnificina, Alvito Nunes também acabaria por falecer (e uma das suas filhas acabaria refém dos normandos), sendo sucedido por Nuno Alvites, seu filho.
O relato dessa mesma invasão surge, pela primeira vez, em Chronica Gothorum (“Crónicas dos Godos” datado do século XII), um dos mais antigos registos da fundação do Reino de Portugal.
Após as invasões, Vermoim tornou-se numa área deserta, durante cerca de 150 anos.
Apesar de tudo, o Castelo de Vermoim resistiu, em parte, aos embates vikings. Em 1188, o mesmo surge no testamento de D. Sancho I, aquando duma suposta desconfiança entre o rei e o tenente, responsável pelo referido Castelo.
A importância de Vermoim, como base administrativa e militar na região Entre Douro e Minho, é inquestionável, pois invocava um sentido de posse e poder do monarca, para com o território a Norte de Portugal. As “Terras de Vermoim” (nome dado ao aglomerado de paróquias que faziam parte do jugo territorial), espalhava-se por 64
paróquias, que estendiam até ao Rio Ave.
Também, a nível religioso, Vermoim se mostrava imensamente importante, do ponto de vista geográfico e administrativo, devido à figura do “Arcediago de Vermoim”, um responsável de maior relevo, da Santa Sé, que geria os assuntos da Igreja, em todas as extensões paroquianas das “Terras de Vermoim”.
A título de curiosidade, a actual Avenida João XXI, tem o seu nome, derivado ao mais conhecido Arcediago desta terra, Pedro Hispano, mais tarde consagrado Papa.
Só em 1205, com o foral de D. Sancho I, é que Vermoim vê o seu destaque diminuído, em detrimento de Vila Nova de Famalicão, devido ao que o monarca achava ser “um posicionamento geográfico mais central”
Brazão
O brasão é constituído por um Escudo de azul, três espigas de milho de ouro, folhadas de prata, postas em pala e alinhadas em faixa, entre coroa mariana de ouro, com pedraria de vermelho, em chefe e pano de muralha, ameiado, de prata, realçado de negro, firmado e movente, em campanha. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: ” VERMOIM – VILA NOVA DE FAMALICÃO “.
A bandeira, branca de cor principal, cordão, borlas de prata e azul, com haste e lança de ouro.
O Selo, possui, apenas, a legenda “Junta de Freguesia de Vermoim – Vila Noda de
Famalicão”
Achados arqueológicos
Com um património que data, já, da Idade do Cobre, Vermoim possui, como seria expectável, um imenso e valioso espólio arqueológico, que, ao longo dos anos, sofreu
algumas tentativas de conservação (apesar do desgaste do tempo).
Desse património, fazem parte quatro Mamoas, os Castros de Vermoim e Santa Catarina e o Castelo de Vermoim.
Mamoas
As mamoas, também denominadas de tumulus, eram construções que datam dos tempos romanos, mais concretamente do período Neo-Calcolítico, usadas como túmulos para cidadãos de castas mais nobres, ou mais abastados. Muitas delas, por mera curiosidade, abrigavam, muitas vezes, mais vivos do que mortos, pois eram usadas como abrigo, aquando invasões ou ataques inimigos.
Também há vários textos que contam que, essas mamoas eram usadas como “castigo supremo”, onde emparedavam vários meliantes, ainda com vida.
A construção destes espaços era feita por cima do túmulo, em si, para proteger o mesmo das intempéries e do desgaste do tempo.
MAMOA 1
Tumulus de terra e pedra, com forma sub-elíptica, adjacente a uma grande depressão central, onde foi colocado um marco divisório, com as letras S.C, ao que tudo indica, com referência a S. Cosme do Vale, que ladeia com a freguesia de Vermoim.
A investigação arqueológica levada a cabo até ao momento, permitiu vislumbrar um túmulo bastante danificado, feito em terra e pedra, sub-elíptico, assim como uma câmara funerária, com um contraforte e um corredor de acesso ainda em bom estado de conservação. No seu interior, foram localizados, ainda, dois ortostatos, ou esteios, que fariam parte da câmara funerária.
Dos achados encontrados, fazem parte lascas de sílex, um núcleo, também em sílex, alguns seixos rolados e alguns fragmentos cerâmicos, dois dos quais decorados, mas em muito mau estado, que impossibilitam qualquer tipo de reconstituição de formas.
Encontrou-se, também, uma fíbula em bronze, que se acredita ser oriunda do Castro de Vermoim ou Santa Cristina, visto a aproximação dos mesmos para com esta Mamoa.
Latitude: 41º25`51,693“ N
Longitude: 08º27`21,725“ W
Altitude: 331m
MAMOA 2
Similar ao anterior, em termos de forma, este distinguia-se por ser ligeiramente assoreado. Também este possuía um esteio em granito, e, adjacente a ele, é visível uma depressão central, onde se encontra um marco, também divisório com S. Cosme do Vale.
Latitude: 41º25`58,887“ N
Longitude: 08º27`21,725“ W
Altitude: 339m
MAMOA 3
Talvez a mamoa em pior estado de conservação, até porque foi necessária o corte da mesma, para a criação do estradão que liga Santa Cristina às Eiras. Constituída
por terra e pedra, são visíveis dois esteios, ladeados por uma depressão central.
Latitude: 41º25`56,985“ N
Longitude: 08º27`19,973“ W
Altitude: 346m
MAMOA 4
Um tumulus baixo, bastante assoreado, com forma sub-ciruclar, com vestígios de couraça lítica revestimento em pedra), dois esteios, um em pé, outro tombado.
Latitude: 41º25`49,203“ N
Longitude: 08º27`24,881“ W
Altitude: 349m
Castros
Por sua vez, os Castros, apesar do desgaste, encontram-se em melhor estado de conservação, não fossem, os castros, fortificações naturais, aproveitados pela população, para a defesa das suas aldeias.
CASTRO DE VERMOIM
O Castro de Vermoim é um povoado com fortificação defensiva, normalmente, criado de forma natural, pelas suas boas condições de defesa (declives, rochedos, etc). O recinto está rodeado por uma muralha que acompanha, de forma grosseira, a curva de nível dos 325m, reforçado na área mais variável, a Norte, por um conjunto de um talude (plano de terra inclinado) e três fossos.
No interior desse recinto, eleva-se uma acrópole de forma oval, com ligeiramente descentrado, também ela definida por um talude.
Encostado a este núcleo, encontra-se um segundo recinto, alongado no sentido
Nordeste-Sudoeste.
Entre 1982 e 1985, foram levadas a cabo quatros intervenções arqueológicas, com o objectivo de ilustrar a possível apresentação do povoado em causa. Nessas intervenções, foram exumados duas construções de base circular e um muro recto de contenção.
Data: Idade do Ferro Séc III a.C. – I d. C.
Localização
Latitude: 41º25`42,927“ N
Longitude: 08º26`55,975“ W
Altitude: 312m
CASTRO DE SANTA CATARINA
Por sua vez, o Castro de Santa Cristina apresenta uma plataforma central, definida por um talude, que vai de encontro, pelo Noroeste, a um afloramento de grandes monólitos (área elevada, constituída, normalmente por rochas de grandes dimensões), cuja escarpa proporciona uma defesa natural por excelência. Para Oeste, vislumbra-se uma segunda
plataforma, mais estreita, limitada por uma muralha em pedra, que ainda se encontra visível, nalguns dos seus troços, sendo reforçada pelo lado Sul.sudoeste, por um fosso e um talude.
Para Leste e Este-Nordeste, detectam-se como continuidade da acrópole, mais duas plataformas, e um taludade, a cerca de 250 metros, que segue em direcção a Oeste, cuja finalidade parece ser o reforço da muralha pétrea.
Data: Idade do Ferro | 1º milénio a.C.
Localização:
Latitude: 41º25`38,806“ N
Longitude: 08º27`44,284“ W
Altitude: 311m
CASTELO DE VERMOIM
O Castelo de Vermoim aparenta ser oriunda do século XI, ou talvez, um pouco
anterior, pelo conde Vermuiz Forjaz.
O mesmo evoluiu dum castro datado da Idade do Ferro.
O mesmo viu-se abandonado, durante o século XIV, após perder a sua função estratégica, após a sua destruição, pelos vickings, no ano de 1016.